domingo, 10 de junho de 2012

Semana 02 - I've Got The Music In Me


Quem?

·        Kiki Dee

Quando?

·        1974

Single?

·        Sim





Álbum?

·        I've Got The Music In Me







Compositor/a/res?

·        Tobias Stephen Boshell

Paradas de Sucesso?


·        
I've Got The Music In Me [Single]:
      (Reino Unido/Inglaterra - #19); (Estados Unidos - #12); (Holanda - #09).
     ·      I've Got The Music In Me [Álbum]:
         (Nunca entrou nas paradas de sucesso).

Gênero?

·        Funky; Soul/Motown; Pop

Duração?

·        04mín56seg



Videoclipe?

·        Não


I've Got The Music In Me
("promo video" - como se chamava na época - para a TV)


Comentário/Crítica



·          Se há uma definição que se possa considerar apropriada para o sucesso comercial da cantora britânica Kiki Dee é a injustiça. Talentosa, linda, carismática e com um força vocálica incomum, esta cantora não é lembrada como deveria: apesar de ter feito algum sucesso em meados da década de 1970 e em alguns momentos da seguinte, seus álbuns não venderam como poderiam, suas performances não tiveram o reconhecimento que deveriam ter e sua imagem foi ofuscada, sendo geralmente associada às várias contribuições (sejam em duetos ou em back vocais) que ela deu à obra do cantor/compositor britânico Elton John.

No entanto, ela foi a primeira artista britânica a assinar um contrato com a famosa e respeitada gravadora de música funky/soul Motown Records. Como se diz na revista "The Motown Story", de 1970, quando seu contrato anterior com a Fontana/Philips Records se expirou, "Kiki se juntou à família Motown e passou o mês de setembro de 1969, inteiro, gravando em Detroit sob a supervisão de Frank Wilson, Jack Gogan e Hank Cosby (Kiki joined the Motown family and spent the whole of September, 1969, recording in Detroit under the supervision of Frank Wilson, Jack Gogan and Hank Cosby)". Um ano e um álbum depois, a Motown perdeu seu interesse pela jovem promissora e ela se viu sem grandes perspectivas até que Elton John, o músico mais famoso da época, resolvesse fundar uma gravadora em 1973: a Rocket Records.

John Reid, tanto empresário de Elton John quanto acionista da Rocket à época, conheceu Kiki Dee nas sessões de gravação na Motown e, sabendo de sua recente quebra de contrato, resolveu convidá-la a se tornar a primeira estrela da gravadora recém-inaugurada; a cantora não pestanejou e aceitou o convite e, num período de seis anos, lançou quatro álbuns que, frustrando as expectativas, não foram sucesso de vendas.

Seus singles, contudo, vendiam regularmente e a segunda indicação deste blog foi um dos mais bem sucedidos: "I've Got The Music In Me", composta pelo baixista da então Kiki Dee Band, foi o maior sucesso comercial solo da cantora e até hoje é uma das poucas canções de seu repertório que ainda são recorrentemente lembradas. Não à toa, neste ano de 2012, a cantora Jennifer Lopez gravou um comercial para a loja de departamentos Kohl's, cantando-a.

Necessário se fez realizar esta pequena incursão pela trajetória de Kiki Dee por um simples motivo: a canção em destaque foi uma espécie de mensagem implícita e metafórica direcionada à Motown, já que cantar as palavras "Eu Tenho a Música em Mim" e gravá-las nos mesmos gêneros musicais que fundamentaram a criação daquela gravadora me soa como um gesto provocativo; ou seja, já que desistiram de investir em seu potencial, acredito que ela quis mostrar/provar que tinha condições artísticas e que era uma cantora de nível tão singular quanto os principais nomes femininos que fizeram a Motown (a exemplo de Gladys Knight, Diana Ross, Tammi Terrell, entre outras).

Na minha opinião, ela conseguiu o que queria. A potência que demonstra ao cantar versos como "feel funky, feel good, gonna tell you I'm in the neighbourhood (sinto-me funky, sinto-me bem, vou te contar que eu estou na vizinhança)" é tão louvável quanto indicativa: por um lado, tais versos convidam e conduzem o ouvinte para dançar o funky como se fazia na década de 1970; por outro, querem dizer que Kiki Dee estava no auge de sua potencialidade musical e que 'ela estava lá', contrariando as regras, pois, mesmo sem ser negra, conseguia cantar muito bem os gêneros musicais da Motown.

"I've Got The Music In Me", além das suas relações históricas e contextuais, é uma canção que faz um convite ao ouvinte: 'cante o mais alto que puder'. "Eu pego as palavras em minha cabeça e então eu as canto", diz ela, justamente porque "não permito que a vida me deixe para baixo, me apodero de meu blues e as toco [as palavras]". Contagiante!

Kiki Dee, portanto, não apenas entoa as palavras com propriedade como convida as pessoas para a diversão: 'apesar das adversidades', como as que ela enfrentou após a saída da Motown, 'devemos olhar para a vida com confiança, com alegria'. Nada mais ela pede, através das palavras de Boshell, que o seguinte: 'se você estiver abalado, não há remédio melhor que a música'.

E é assim que ela se mantém na ativa até hoje, cantando ao lado do guitarrista Carmelo Luggeri: mesmo que não seja lembrada como deveria, que não tenha o prestígio que poderia ter, Kiki Dee com certeza é uma das poucas pessoas que ainda podem dizer: "Eu Tenho a Música em Mim".


Versões Cover?

·      A cantora de rhythm and blues e funky Thelma Houston gravou uma versão muito semelhante à original de Kiki Dee, apenas um ano depois, em 1975, sem trazer quaisquer acréscimos à canção. Não desmereço a versão de Houston, mas esta demonstrou pouca inovação em relação à original; talvez tenha havido uma adição maior de vozes de fundo (os famosos "background vocals") que tenham enfatizado ainda mais o som funky/soul/Motown da canção. No entanto, a entonação vocal de ambas é praticamente a mesma, o que sugere que a  capacidade de Kiki Dee, na época, e apesar de ser branca e britânica, nada devia às poderosas performances das cantoras negras norte-americanas que tanto caracterizaram esses gêneros musicais. Para além das coincidências, a versão de Houston figurou em seu terceiro álbum, que, assim como o de Kiki Dee, se intitulou "I've Got The Music In Me", tendo a faixa título, assim como na primeira ocasião, se tornado seu principal carro-chefe. A versão da norte-americana, no entanto, e diferente da original, não foi bem sucedida comercialmente e não alcançou as paradas de sucesso.


Outros covers
Cantora: Marcia Hines
Álbum: Shining
1976
~
Banda: Heart
Álbum: Magazine
1977
~
Cantora: Barbara Bajer
Álbum: Moja Muzyka
1977
~
Cantora: Aretha Franklin
Álbum: Sweet Passion
1977
~
Cantor: Ronnie Milsap
Álbum: Only One Love In My Life
1978
~
Cantora: Celine Dion
(ao vivo).



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