domingo, 3 de junho de 2012

Semana 01 - Running Up That Hill (A Deal With God)


Quem?

·        Kate Bush

Quando?

·        1985

Single?

·        Sim




Álbum?

·        Hounds Of Love




Compositor/a/es?

·        Kate Bush

Paradas de Sucesso?

·        Running Up That Hill
      (Reino Unido/Inglaterra - #03); (Estados Unidos - #30); (Nova Zelândia #26); (Irlanda - #04); (Alemanha - #03); (França - #24); (Holanda - #06); (Bélgica - #06); (Austrália - #06).
·        Hounds Of Love
      (Reino Unido/Inglaterra - #01); (Estados Unidos - #33); (Nova Zelândia #17); (Alemanha - #02); (França - #09); (Holanda - #01); (Austrália - #06); (Suíça - #03); (Suécia - #09); (Noruega - #12); (Áustria - #14); (Japão - #36).

Gênero?

·        New Wave; Art Rock

Duração?

·        05mín02seg



Videoclipe?

Comentário/Crítica


·          Esta é a canção de estréia das indicações deste blog. Neste primeira semana de Junho, mês em que o frio emerge de modo deveras promíscuo, a canção escolhida se mostra bastante apropriada: não sei exatamente porque, mas talvez o uso predominante do sintetizador (o Linn LM-1) e a batida em marcha da melodia me façam imaginar o vento batendo e até a neve caindo. Aliada a isto está a performance vocal de Kate Bush: leve na condução e forte no andamento, chegando a um clímax estonteante no refrão. Quando ela canta "there is thunder in our hearts (há um trovão em nossos corações)" minha pele arrepia, minhas jugulares pulsam: sem mais delongas, sinto uma vontade ímpar me levando a acompanhá-la, como se eu tivesse mesmo feito com ela um dueto; não pestanejo e canto alto "be running up that road, be running up that hill with no problems (estaria subindo aquela estrada, estaria subindo aquela colina sem problemas)"! Seria injusto de minha parte, ainda, esquecer o leve tom dançante (e bem comum em meados dos anos 1980) que me faz querer ouví-la demasiadas vezes...


Não à toa, Running Up That Hill (A Deal With God) é uma das mais belas canções já compostas justamente por ser tão forte melodicamente e possuir uma letra tão provocativa quanto  direta: a vida e o amor por um ângulo muito mais real e maduro do que costumam ser vistos em grande parte das canções pop/rock já lançadas. Alteridade e sutileza: "ponha-se no lugar do outro", pede a canção, para que o ódio e o desprezo não sejam cultivados; "vamos trocar as experiências", ela exclama, para que aquele que acredita ter sempre a razão possa ponderar suas atitudes e rever suas concepções. Sutil, o pedido que Bush faz não é nada mais que 'seja compreensivo, as pessoas são mais valiosas que o rancor que você sente por elas'. Diz ela: "existe tanto ódio por aqueles que amamos? me diga, nós dois importamos, não importamos?". Poético!


A canção já é intrigante desde o seu título: primeira faixa composta para o álbum Hounds Of Love, Running Up That Hill, na verdade, era para se chamar simplesmente A Deal With God. No projeto original, Kate Bush pretendia lançá-la com este título e como primeiro single promocional do álbum, mas houve um impasse com a gravadora EMI: seus agentes queriam que Cloudbusting fosse lançada primeiro e não acharam adequado aquele primeiro título; mesmo assim, Bush se empenhou e os convenceu a lançar A Deal With God ("Um Pacto Com Deus") como single principal; em contrapartida, ela deveria trocar o nome da canção para Running Up That Hill ("Subindo Aquela Colina"), pois eles estavam temerosos que o nome original pudesse ter uma recepção negativa por parte dos fãs e de um possível novo público para a cantora.


Ela atendeu o pedido, ao menos em parte: no single, a canção aparece com o nome solicitado pelos agentes da EMI; no álbum, ela está intitulada Running Up That Hill (A Deal With God)!


O que a cantora queria com tudo isso? Simplesmente demonstrar que as pessoas têm que se colocar no lugar do outro para que a convivência em sociedade e os relacionamentos dela extraídos sejam mais bem administrados. No processo de composição da letra, a cantora chegou a cogitar a frase A Deal With The Devil ("Um Pacto com o Demônio)", mas ela achou que não seria tão impactante e provocativo quando "um pacto com Deus". Assim surgiu a canção que apresenta uma Kate Bush que se afasta um pouco daquela que emergiu e se tornou um fenômeno com o single "Wuthering Heights" em 1978 até o disco "The Dreaming", de 1982, especialmente no tocante à sua performance vocal que, de mais aguda, se tornou mais intermediária e profunda; ela apagou sua imagem de adolescente com hormônios aflorados e provou a todos ser uma artista madura e confiante de si sem perder o charme e a alegria de antes.


Tudo isso é perceptível, inclusive, no videoclipe da canção: uma performance bela de dança contemporânea é feita pela própria cantora e pelo dançarino Michael Hervieu com coreografia montada por Diane Grey. Ambos estão vestidos com hakamas japonesas de cor acinzentada e apresentam um número bastante intrigante que sugere os movimentos de um arqueiro ao empunhar seu arco e flecha, preparando-se para mirar o alvo, tal como demonstra a imagem da capa do single. Tudo é tão poético que toda a produção da canção é bem estruturada em torno de sua questão principal: o desenrolar dos relacionamentos, amorosos ou não (não à toa, por ser cupido o arqueiro-mor dos deuses, não é difícil imaginar porque ela escolheu a imagem do arco e flecha para representar a dança no videoclipe).


Empenhada em seu trabalho, como se diz no livro 1001 Discos para Ouvir antes de Morrer, Kate Bush, ressentida com a crítica a The Dreaming, "refugiou-se no estúdio. Diz a lenda que ela teria engordado muito, mas reapareceu em 1985 mais bonita do que nunca, apresentando um trabalho tão épico e louco quanto o seu antecessor, mas com músicas melhores e vendas ainda maiores".  Uma coisa é certa:  ela apenas confirmou sua capacidade ímpar como cantora-compositora e de ícone do Art Rock, gênero que faz fusão entre rock e arte contemporânea.


Versões Cover?

·      A banda de britrock Placebo fez uma interessante versão cover da canção para um disco extra do álbum Sleeping With Ghosts, de 2003. Intitulado Covers, este extra foi preparado especialmente após o inesperado sucesso alcançado por esta versão de Running Up That Hill, entre seus fãs, que, junto a outros covers que a banda havia feito anteriormente, deu origem ao disco adicional. Nesta versão, o vocal de Brian Molko atribui um ar aparentemente gótico à canção e me faz lembrar um pouco bandas como Bauhaus ou Siouxsie And The Banshees não na harmonia em si, ou mesmo no fundo musical, mas na condução vocálica que sugere certa lentidão depressiva que faz desta versão uma aproximação interessante entre os grupos já citados e a cantora irlandesa Sinead O'Connor, por exemplo.


Outros covers:
Banda: Faith And The Muse
Álbum: Vera Causa 
2001
~
Banda: Within Temptation
Álbum: Running Up That Hill Single
2003
~
Banda: Icon And The Black Roses
Álbum: Icon And The Black Roses
2004
~
Dupla: Kiki Dee & Carmelo Luggeri
Álbum: The Walk Of Faith
2005
~
Pianista: Isadar
Álbum: Scratching The Surface
2006
~
Banda: Chromatics
Álbum: Night Drive
2007
~
Cantoras: Tori Amos e Kerli
(ao vivo)
~
Cantor: Patrick Wolf
(ao vivo)
~
Bandas: Spleen United, The William Blakes e Ham Sandwich
(ao vivo).





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